História na Lua Cheia

Quem contava a história era meu pai. Nós morávamos na Serra da Cantareira em São Paulo.

Geralmente, quando acabava a luz e não tínhamos o que fazer, minha mãe acendia as velas, sentávamos em um sofá feito de tijolo e cimento, eu e os meus quatros irmãos. E ele contava "causos ", em dia de lua cheia.

A história era assim:

Morávamos em uma casa de barro, coberta de sapé. Em dia de lua cheia, quando escurecia, rapidamente entrávamos, pois era perigoso.

Dentro de casa ouvíamos barulhos estranhos no terreiro, os cavalos ficavam agitados, ouviamos passos.

Um dia resolvemos sair de casa para ver o que acontecia. Olhamos para cima da casa. Havia um vulto branco que cobria todo o telhado. Assustados, entramos e, muito temerosos, tentamos dormir.

Minha mãe já era falecida. Então, acreditávamos que era o seu espírito nos protegendo.

Ao amanhecer, íamos ver os cavalos. Suas crinas estavam trançadas. Fôra o Saci que fez travessuras durante a noite. Por isso, o barulho no terreiro era imenso.

Com a claridade da Lua Cheia, os seres da natureza pregavam sustos nos homens.

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