História da casa de Brasília

Sexta feira, 20 de fevereiro de 2009.

Quem contava essa história era a minha mãe, sempre à noite, após o jantar, na cidade onde morávamos, em São Paulo.
Minha mãe costumava contar para mim e para a minha irmã. Por eu ser uma criança muito medrosa, minha mãe sempre contava algo para me causar medo.
De todas as histórias queminha mãe contava, e eu me lembro muito bem, é esta: a da casa de Brasília.

Quando minha mãe era criança, seus pais se mudaram do estado da Bahia para o estado de Goiás,onde foram todos residir em Brasília: minha mãe, seus pais e seus irmãos menores.
Era uma casa grande e o quintal com muitas árvores.Todas as pessoas que moravam por perto daquela casa costumavam dizer que era uma casa mal assombrada.
Meu avô não acreditava nessas histórias que o povo costumava contar.
No princípio, tudo parecia normal, não tinha nada que fizesse transparecer que aquela casa seria uma casa mal assombrada. Mas depois de estarem morando, a mais de um mês naquela lugar, certo dia, à noite, ventava muito, como se fosse chover.
Ao cair da noite, de repente, minha mãe, que era criança, escutou um barulho muito forte. Era como se alguém estivesse batendo com um pedaço de pau nas janelas. Minha mãe se assustou com todo aquele barulho e correu para o quarto da minha avó para chamá-la. Ela já estava dormindo e nem ligou para saber o porquê de minha mãe estar tão aflita. Aquela noite demorou a passar, dizia a minha mãe.
E depois desta tal noite assustadora, todas as noites, mesmo quando não estava ventando, quando todos já se encontravam dormindo, minha mãe escutava um grande barulho nas janelas.
Minha mãe, muito assustada, já que o povo contava que a casa era mal assombrada e que ninguém conseguia residir ali por muito tempo, pediu a minha avó que fosse dormir no mesmo quarto que ela, pelo menos uma noite para escutar aquele barulho.
Ao anoitecer, quando todos já se encontravam dormindo, de repente aquele barulho se pôs às janelas, como se alguém batesse. Mas, a cada noite, era mais forte.
Minha avó não acreditava no que estava ouvindo. Achava que era apenas um vento forte nas janelas por ser uma casa antiga e velha.
Não foram muitos dias, e meu avô, numa certa noite, se preparou com uma espingarda e disse que naquela noite ele resolveria o problema do tal engraçadinho que estava batendo nas janelas para que ninguém dormisse.
E assim ficou sentado no banco da cozinha, junto da minha avó. Naquela noite, minha mãe ficou com todos os seus irmãos em um mesmo quarto e, quando já era bem tarde da noite, novamente o tal barulho estrondante.
Meu avô, cheio de coragem, saiu para o quintal com a minha avó e gritou:
- Quem estava aí, fazendo barulho nas janelas?
Ninguém respondeu e meu avô disparou um tiro,quando então ele e minha avó viram um vulto branco que correu por entre as árvores. Logo meu avô correu para ver se tinha ferido alguém e nada encontrou.
Depois desta noite, meu avô providenciou toda a mudança da família para o estado de São Paulo, sendo que está história aconteceu há mais de 45 anos.
Depois disso, meu avô e minha avó passaram a acreditar em assombração e naquela cidade eles nunca mais voltaram.
Cristiane Carvalho Furlan
Fim.

Comentários

  1. Na Beira do Fogão

    Quando era pequeno, me lembro, das coisas que minha mãe contava.
    Ela dizia:

    _ Oh! Meu Deus, como era bom!!!
    _ A gente não tinha dinheiro, nem estudo, trabalhava sem parar o ano inteiro...

    Fumo, mandioca, milho e cana eram o que plantavam.
    A vida era dura, mas a união entre os irmãos e amigos não faltavam.

    _ Teu avô não gostava de mentira, dava bronca em todos nós, e mamãe nos defendia.
    _ Ao entardecer a família se reunia lá no alpendre a conversar.
    _ Às vezes papai pegava a viola e muito se divertiam lá no alpendre, e no fogão a lenha assava batata doce e espiga de milho.

    A vida na roça é dura, aumentou as dificuldades. Um dia resolveram vir embora de Barbacena – MG, “cá pa” cidade grande.
    Chegaram de tardezinha em cima de um caminhão (Pau de arara).
    Ela me falou que estranhou quando viu a chama do fogão, ficou encantada:

    _ Como pode um fogo pequeno fazer comida e de cor azul.

    Veja só quanta simplicidade.
    Ela já estava com saudade lá da taipa do fogão.

    _ Apeamos a mudança, pôr as tralhas no lugar.
    _ Às seis horas tua vó já estava com a comida pronta, panela farta de arroz, feijão com toucinho defumado, angu e frango com quiabo que só ela sabia fazer.
    _ Quando a comida esfriava teu avô ficava zangado e para tua avó olhava.
    _Só aí que perceberam, quando viram o botijão, faltava alguma coisa, era a lenha do fogão.

    Com o tempo eles foram acostumando com a cidade grande. Mas também o tanto que era bom da terra e da beira do fogão.
    Aí ficou assim, de dia uns trabalhavam e a noite era tudo mudo, e com a televisão piorou!
    Que saudade que minha mãe tem da união da família lá no alpendre a conversar.

    _ Teu avô e avó nos ensinaram um ótimo costume:
    _ Os dois deitados ou sentados na cama, nós acomodados como podíamos e o papai puxando o terço.
    _ Rezávamos todos os dias à noite antes de dormir.
    _Após nos deitarmos era aquele coro geral:
    _ “Bença mãe, bença pai”...
    _ Que saudade disso, eles muito me ensinou como pessoas, amigos, pais, avós, conselheiros, companheirismo e amor.
    Que Deus os tenha em um bom lugar.

    _Que saudade eu tenho da beira do fogão!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas