Maria dos paus
Uma das histórias que a minha avó Alvina Pereira contava, durante a minha infância. Na sala, outras vezes, ela sentada na cama e eu com a cabeça no colo dela, às vezes costurando, fazendo gestos com as mãos e com os olhos.
Na fazenda, era costume ouvirmos histórias ao redor da fogueira, tomando aquele café “cardeado”, também com a luz do Zé gás, candeeiro e à luz de vela.
A sensação era que estávamos vivendo a história.
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Maria dos paus
Num arraial, morava um casal que tinha uma filha, chamada Maria.
Numa bela tarde, sua mãe lhe chamou:
- Maria, venha ver este vestido como é lindo! Você pode usar, mas quando eu morrer não use. Me prometa, filha.
Maria falou para a sua mãe:
- Não te preocupe mãe, não vou usar.
A mãe de Maria morreu. Ela teve curiosidade de saber o porquê de usar todas as outras roupas, menos aquele vestido. Ela vestiu e saiu dançando. Quando o pai a viu, saiu ao seu encontro dizendo:
- Esta é a minha mulher.
Ela falou:
- Não pai, sou sua filha Maria.
Mas o velho insistia:
- Você é minha mulher.
Chamou alguns dos empregados e disse:
- Toma conta dela, que eu vou comprar preparativos para fazer uma grande festa em comemoração à volta da minha mulher.
A duração da viagem das compras era de três dias a cavalo, pois ele morava muito longe da cidade.
Enquanto isso, os carpinteiros fizeram uma roupa de pau para Maria, que se vestiu e saiu pelo mundo afora.
Todos que a avistavam chamavam-na de Maria dos Paus.
Um belo dia, ela avistou uma fazenda e se aproximando, apareceu uma simpática senhora.
- Olá filha, para onde vai cumprindo essa sina e sorte?
Maria contou tudo para ela e a mulher pediu que Maria ficasse com ela. E disse:
- Tenho um belo filho. Ele está na missa e chega daqui a pouco.
Maria ficou com medo dele não gostar dela.
Quando o rapaz a viu, ficou irritado com a mãe e disse:
- Como é que a senhora traz para a nossa casa um aleijão?
Mas um dia, ela saiu de dentro da roupa de paus e quando ele a viu, ficou apaixonado, pois ela era a moça mais linda que ele já tinha visto. Pediu ela em casamento, pediu desculpas pelos maltratos.
Ele adoeceu, porque ela quis pirraçar, não aceitando o pedido de casamento. Mas depois cedeu e também se declarou apaixonada.
A senhora simpática, muito feliz, os abençoou.
Eles se casaram e foram felizes para sempre.
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