Na beira do fogão
Quando era pequeno, me lembro das coisas que minha mãe contava. Ela dizia:
- Oh! Meu Deus, como era bom!!! A gente não tinha dinheiro, nem estudo, trabalhava sem parar o ano inteiro...
Fumo, mandioca, milho e cana eram o que plantavam.
A vida era dura, mas a união entre os irmãos e amigos não faltavam.
Teu avô não gostava de mentira, dava bronca em todos nós, e mamãe nos defendia.
Teu avô não gostava de mentira, dava bronca em todos nós, e mamãe nos defendia.
Ao entardecer a família se reunia lá no alpendre a conversar.
Às vezes, papai pegava a viola e muitos se divertiam lá no alpendre, e no fogão a lenha assava batata doce e espiga de milho.
A vida na roça é dura, aumentou as dificuldades.
A vida na roça é dura, aumentou as dificuldades.
Um dia resolveram vir embora de Barbacena – MG, “cá pa” cidade grande.
Chegaram de tardezinha em cima de um caminhão (pau de arara).
Ela me falou que estranhou quando viu a chama de fogão. Ficou encantada:
- Como pode um fogo pequeno fazer comida! E de cor azul!
Veja só quanta simplicidade.
- Como pode um fogo pequeno fazer comida! E de cor azul!
Veja só quanta simplicidade.
Ela já estava com saudade lá da taipa do fogão.
- Apeamos a mudança... por as tralhas no lugar.
Às seis horas, tua vó já estava com a comida pronta, panela farta de arroz, feijão com toucinho defumado, angu e frango com quiabo que só ela sabia fazer.
Quando a comida esfriava, teu avô ficava zangado, e pra tua avó olhava.
Só aí que perceberam. Quando viram o botijão, faltava alguma coisa: era a lenha do fogão.
Com o tempo, eles foram acostumando com a cidade grande. Mas também o tanto que era bom da terra e da beira do fogão.
Com o tempo, eles foram acostumando com a cidade grande. Mas também o tanto que era bom da terra e da beira do fogão.
Aí ficou assim: de dia uns trabalhavam e à noite era tudo mudo. E com a televisão piorou!
Que saudade que minha mãe tem da união da família lá no alpendre a conversar.
- Teu avô e avó nos ensinaram um ótimo costume: os dois, deitados ou sentados na cama, nós acomodados como podíamos, e o papai puxando o terço. Rezávamos todos os dias à noite, antes de dormir.
- Após nos deitarmos, era aquele coro geral:
- Bença mãe, bença pai...
- Que saudade disso. Eles muito me ensinaram como pessoas, amigos, pais, avós, conselheiros, companheirismo e amor. Que Deus os tenha em um bom lugar.
- Que saudade eu tenho da beira do fogão!
- Que saudade eu tenho da beira do fogão!
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