Lembranças de meu pai


Apesar de ter nascido na cidade de São Paulo, morei durante alguns anos da minha infância no estado da Bahia, em uma pequena cidade próxima à Feira de Santana, numa fazenda chamada Fogão. Tive uma infância regada de carinho e muita diversão.
Papai era feirante, vendia farinha e feijão. Quando o carro não estava repleto de mercadorias, me levava para a feira e assim, eu via a mínima movimentação que ali havia.

Em casa, mesmo cansado pelo trabalho, me dava atenção. No finalzinho da tarde, sentávamos na varanda da nossa casa, enquanto mamãe preparava nossa refeição.
Lembro-me claramente de uma história que, ainda hoje, causa-me emoção.

“Era uma vez...
Uma moça muito bonita de cabelos enormes e trançados
com uma voz charmosa e olhos engraçados,
Que há muitos anos pagava por alguns rabanetes roubados.

Vivia presa numa torre
Solitária, pesarosa e cheia de terrores
Cuidava dela apenas uma velha muito mesquinha
Que, sozinha e presa a mantinha
Recebia uma única visita diária,
E por ela agradecia, pois, ao final dessa
novamente sozinha se sentia.

Mas, certo dia um rapaz que por ali vivia,
Depois de muitos anos,
quem diria?
Finalmente, a voz de uma linda moça
cantando na janela de uma torre, ele ouviria
Ao aproximar-se da torre, tristeza ele sentia
Como faria, se na torre, nenhuma porta havia?
Observou a velha por alguns dias
e, sozinho numa manhã,
ouviu as palavras que velha entoou
e as tais palavras-chave, mais tarde gritou:
- Jogue-me suas tranças para que eu possa subir
Então, definitivamente pôde libertá-la dali.

Apaixonaram-se
Casaram-se e felizes
Para sempre foram viver.”

E, ao ir para minha cama, adormecia, sonhando com o que meu pai me contaria no outro dia...

Comentários

Postagens mais visitadas