Nunca esqueça suas promessas

A história que vou narrar foi um fato que aconteceu com a minha mãe, em meados do ano de 64, na cidade de Almenara em Minas Gerais.

Minha mãe conta que suas primas Vana e Tetinha estavam brincando com uma cana. As meninas decidiram cortar essa cana ao meio, para que cada uma ficasse com um pedaço. Neste momento, Tetinha segurou a cana para que Vana cortasse, só que Vana por brincadeira, puxou a cana e tacou a faca no dedo de Tetinha.

A menina começou a gritar, chamando a atenção dos adultos que estavam na casa. Todos correram para ver o que tinha acontecido. Quando chegaram no quintal, viram Tetinha com a mão toda ensanguentada e o dedo quase decepado.

Como no interior as pessoas tinham umas manias esquisitas, decidiram colocar estrume de vaca no ferrimento, pois acreditavam que ajudava a estancar o sangue.

A menina não melhorou e, então, resolveram levá-la ao médico, que ficava na cidade. Chegando no médico, foi constato que a menina estava com tétano e que pouco poderia ser feito para salvá-la. Passado uns três a quatro dias, a menina veio a falecer.

Nesta ocasião minha mãe tinha seus quatorze anos. Ela, como todos de sua família,foi ao velório da prima, mas chegando lá, minha mãe lembrou-se de que havia esquecido de levar as velas que acenderia para a alma de sua prima. Então, ela se aproximou do caixão e prometeu à prima falecida que iria no cemitério no outro dia acender as tais velas.

Os dias passaram e minha mãe acabou esquecendo a tal promessa. Uma bela noite, na casa da minha avó, após o jantar, todos resolveram sair para o terreiro para conversar, pois estava muito quente dentro de casa.

Minha avó pediu para que minha mãe fosse até a sala apanhar alguma coisa. Ela foi, tranquila. Neste momento, quando ela se aproximou da porta da sala, uma luzinha azul começou a descer do alto da porta e, de repente, ela viu nitidamente sua prima Tetinha, já falecida há alguns dias.

Minha mãe ficou com tanto medo, que atravessou porta afora, e continuou correndo, não percebendo que já havia saído da casa e passado entre sua família, que ficou sem entender o que havia acontecido.

Um de seus irmãos correu atrás dela e a assegurou. Ela, que estava muito assustada, voltou para o terreiro onde todos estavam e contou o que tinha acontecido. Seus pais e irmãos foram até lá, só que não viram nada, a não ser a porta.

Naquela noite, como ela não conseguia dormir, foi se deitar com uma de suas irmãs mais velhas. Ela conta que aquela noite foi uma das piores noites de sua vida, pois parecia não ter fim.

No outro dia, logo cedo, ela se levantou e, antes de qualquer coisa, correu para o cemitério, que ficava próximo de sua casa, e acendeu as tais velas que prometera à alma de sua prima Tetinha.